Criamos um tutorial sobre seguro para motos e mostramos como fazer o melhor negócio na hora de proteger seu patrimônio
texto Marcelo Assumpção Revista duas rodas
É comum ligarem para pedir o seguro de uma moto porque um amigo recomendou que o valor vale a pena", conta o corretor José Ferreira, da Spotnet Corretora de Seguros. O erro é comum a quem pensa em fazer o primeiro seguro e ele explica que "a resposta sempre surpreende, porque o valor nunca é o mesmo". Uma cotação de seguro nunca é igual à outra, pois considera pelo menos duas dezenas de fatores que variam a cada caso. Entre eles, a idade do segurado e das pessoas com quem reside, tipo de garagem onde a moto ficará estacionada, freqüência de uso, valores das coberturas e, o principal, o endereço. Este pode ser o vilão ou herói da apólice, que produz as maiores variações no custo do seguro, o chamado prêmio (veja “Dicionário” ).
Cotamos o seguro para uma Yamaha Fazer 250 nova, moto cujo custo de seguro é considerado mediano, usando um perfil também intermediário entre o ideal e o pior possível. A diferença foi de mais que o dobro mudando o endereço do bairro de Moema para o de São Mateus, em São Paulo (SP): as melhores cotações no mês de agosto (critério utilizado para todos os valores publicados nesta reportagem) foram, respectivamente, de R$ 1.156 para a Zona Sul e R$ 2.524 para a periferia Leste da cidade, região com maior índice de roubos e furtos. Portanto, se você mora em uma cidade grande e está pensando em mudar de endereço, já pode incluir o cálculo do seguro na decisão.
O segundo item que mais influencia o valor da apólice é o perfil do segurado, em especial a idade. Sai mais caro para os que estão próximos dos 18 anos, solteiros, moram em casa, residem com outras pessoas de 18 a 24 anos e usam a moto diariamente porque é o único veículo que possuem. O valor do prêmio cai conforme a idade aumenta, em especial a partir dos 30 anos. Já o melhor perfil possível é de quem está casado, mora em apartamento com garagem fechada e sem pessoas recém-habilitadas. Nessas condições, mantendo o mesmo exemplo da Fazer e usando um endereço considerado mediano em índice de roubos e furtos, o valor é reduzido de R$ 2.692 com o pior perfil possível para R$ 1.144 se o condutor tiver 30 anos e um bom perfil, como o descrito acima. E cai até R$ 654, para quem tem 70 anos.
É verdade que perfil e endereço dificilmente se modifica, mas há uma série de opções que dependem exclusivamente do segurado e podem fazer toda a diferença no preço. Começando pelas coberturas, que em caso de sinistro afetam o bolso e o tamanho da dor de cabeça do segurado: o valor coberto pelo seguro em caso de danos materiais (a outro veículo) ou corporais (outra pessoa) pode variar de R$ 20 mil a R$ 700 mil, diferença que no mesmo exemplo da Fazer 250 soma apenas R$ 30 a serem pagos por um ano de seguro. Em outras palavras, aumentar o valor dessas duas coberturas custa pouco considerando o possível prejuízo de bater em um carro de luxo. Também é preciso ficar atento para evitar prejuízos com reduções de custo causadas pela eliminação de coberturas, um negócio que definitivamente não vale a pena. Retirando as indenizações em casos de colisão e danos a terceiros, além da assistência 24 horas, o desconto é de cerca de 10%. Pequeno por um seguro pela metade ou, no mínimo, bem seletivo.
CB 300R: custo de seguro maior, proporcionalmente ao valor da moto
Motos custom têm prêmio reduzido pelo baixo índice de sinistro
Bons e maus descontos
Na composição de sua apólice também é possível alterar os valores da franquia (valor pago pelo segurado para acionar a seguradora) e da indenização por perda total (furto, roubo, incêndio ou colisão grave). O valor da franquia pode ser elevado para reduzir o do prêmio, a chamada franquia majorada, que custa até o dobro em troca de uma redução que não costuma chegar a 5% do custo da apólice. Em números, se precisássemos acionar o seguro da Fazer pagaríamos nada menos que R$ 2.909 em vez dos R$ 1.455 da franquia comum, em troca de uma redução insignificante no valor do prêmio (de R$ 1.682 para R$ 1.616). Se esse é um mau negócio, modificar a indenização em caso de perda total já é trocar seis por meia-dúzia. A indenização é paga com base no valor de mercado aferido pela Fipe, que pode ser reduzido a 75% ou ampliado para 110% do preço na tabela, à escolha do segurado no momento de compor a apólice. Em ambos os casos, a variação no custo da apólice é quase proporcional à variação da indenização. O prêmio de seguro da Fazer com indenização de 75% do valor de mercado, por exemplo, cairia de R$ 1.682 para R$ 1.328, ou seja, um desconto de 21% para uma redução de 25% na indenização.
Se você chegou até aqui, já sabe como negociar sua apólice com o corretor de seguros. Mas não é só, porque raras são as pessoas que não trabalham no meio e sabem que é possível melhorar o custo do seguro barganhando a comissão do corretor, que é embutida a critério dele no valor do prêmio. A comissão varia de 10% a 30% do custo do seguro ou até R$ 400 em nosso exemplo, com a Fazer. Agora que o universo dos seguros está desmistificado, já sabe: se estiver pensando em comprar uma moto, informe-se quanto ao valor do seguro para decidir com propriedade, sem dar chance a surpresas desagradáveis.
Faz seguro de motos a partir de 250 cc limitando o uso ao fim de semana, mas acima de 400 cc aceita o uso diário. Há opção de cobertura complementar para equipamentos de segurança, repostos em caso de acidente.
Aceita motos de baixa cilindrada apenas em cidades com baixo índice de roubos (não conseguimos cotar para a Fazer, por exemplo). Está praticando valores significativamente menores para motos a partir de 500 cc.
A partir de 500 cc.
A partir de 500 cc.
Para todas as cilindradas e uso diário, desde que não configure uso profissional.
Aceita motos de baixa cilindrada apenas em cidades com baixo índice de roubos.
O seguro na compra da moto
Se você mora em uma cidade onde roubos e furtos de motos são comuns, a cotação de seguro deve se tornar pré-requisito para a compra. Há modelos cuja contratação se torna inviável devido ao elevado índice de roubos ou mesmo pela idade da moto, que faz a seguradora supor maior risco de acidente por falta de manutenção. A atual campeã em custo de seguro é a Honda CB 300R, que para o mesmo perfil usado nas cotações da Fazer pede um gasto de R$ 2.704 ou 21% de seu valor de mercado por um ano de seguro (na melhor cotação, pois há seguradoras que pedem até 40% do valor da moto). Já entre os seguros mais em conta estão os das BMW e custom importadas, em especial as Harley-Davidson. "A lógica da seguradora é simples: esse perfil de consumidor costuma fazer a manutenção da moto em oficinas autorizadas, por isso não existe demanda para o mercado de peças usadas", explica Ferreira, da corretora Sportnet. O prêmio de uma Harley Night Rod Special avaliada em R$ 73.620 (foto acima) é de apenas R$ 1.760, quase o mesmo da Fazer, ou somente 2,4% do valor do bem. Com relação às motos mais antigas, usamos como parâmetro a Honda Falcon 400, que permaneceu nove anos em produção, até o fim do ano passado. O seguro da 2008 custa R$ 1.666, enquanto o do modelo 1999 sobe para R$ 2.203 apesar da queda no valor da moto para cerca de metade do preço.
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