sábado, 11 de setembro de 2010

Trânsito é que mais mata crianças

Escrito por O Popular
Seg, 30 de Agosto de 2010 15:46

Os acidentes de trânsito representam hoje a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos no Brasil. Os dados mais atualizados do Ministério da Saúde apontam para em torno de 2,2 mil óbitos anuais por essa causa. Em Goiás, quase 500 morreram desde 2001, e em cerca de um quarto dos casos, a vítima era passageira de veículo automotor. O avanço das mortes no trânsito de pessoas dessa idade foi de mais de 100%


É nesse contexto que entra em vigor, no dia 1º de setembro, resolução do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) que estabelece normas para o transporte de crianças. Até os 7,5 anos, elas devem viajar no banco traseiro usando dispositivo de retenção (bebê-conforto, cadeirinha, assento de elevação ou cinto de segurança). Com o objetivo de orientar o leitor sobre as regras e de informar sobre os riscos a que estão sujeitas crianças que são transportadas em desacordo com a legislação, o POPULAR publica, de hoje a quarta-feira uma série de reportagens sobre o tema. Hoje, especialistas analisam flagrantes fotográficos de crianças sendo transportadas de forma irregular em Goiânia.

Maus exemplos não faltam. É comum encontrar pais pegando os filhos na escola e os acomodando de qualquer jeito no carro. Viajam soltos ou no colo de adultos, aumentando o risco de morte e lesão em caso de acidente ou freada brusca. Sistemas de retenção instalados nos veículos e usados adequadamente pela criança reduzem em cerca de 71% o risco de óbito e de ferimentos, apontam estudos.

"Em um acidente, elas podem ser jogadas para fora. Uma criança que pesa 10 quilos dentro de um carro que trafega a 50 km/h, no momento do trauma pesará meia tonelada", diz o ortopedista e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot), Robson Azevedo.

"É ilusória a sensação dos pais de que irão conseguir segurar o filho no colo para que ele não seja ejetado durante uma colisão, já que a criança passa a ter um peso proporcional calculado conforme a velocidade do veículo", observa a pediatra paulista Simone Abib, da organização não-governamental Criança Segura.

Segundo a pediatra, diferentemente do que ocorre com o passageiro adulto, no caso da criança (dependendo da sua idade), se ela viaja na frente, a parte que primeiramente atingirá o painel do carro é o pescoço. "Isso provocaria lesão das vias aéreas e da coluna cervical, levando a óbito ou causando seqüelas permanentes, como a tetraplegia (perda dos movimentos do pescoço para baixo)", diz.

Alessandra Françoia, coordenadora-nacional da Criança Segura, considera que o Brasil vive um momento único em relação ao transporte seguro de crianças. "Nossa expectativa é de que haja redução do número de mortes e de sequelas causadas pela falta do uso do cinto ou dispositivo equivalente por crianças", avalia. Esta é a primeira vez, ressalta Alessandra Françoia, que se promove uma regulamentação sobre o assunto.

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