terça-feira, 6 de novembro de 2012

Como reduzir os riscos - através do seguro e de outras medidas práticas

                             Roubo de carro: medidas inteligentes podem diminuir o risco


As montadoras conseguiram inovar em quase tudo nos carros, cada dia mais sustentáveis e confortáveis. Motorista conectado com o mundo, respeitando as regras de segurança. Celular faz ligações por comando de voz. Televisores nos bancos de trás para os filhos se distraírem durante os terríveis congestionamentos. Só não conseguiram ainda criar um carro anti-ladrão. Nada afasta o ladrão que está determinado a roubar um carro. “Tanto que usamos em nossa campanha o slogan 'Se você não tem o Biafra para afastar o ladrão, melhor ter um seguro' ”, diz Marcos Antonio Gonçalvez, diretor da Bradesco Auto RE. Julio Avellar, executivo da CNseg, confederação que reúne as seguradoras, é mais enfático: “Não tem tecnologia para um 38 na cara de alguém.”

O índice de roubo vem crescendo ano a ano. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, mais de 380.000 veículos são roubados por ano. “Se multiplicar isso por quatro metros, tamanho médio dos veículos, seria o mesmo que dizer que temos todo ano uma fila de cerca de 1.500 quilômetros de carros roubados”, diz Ademir Fuji, que trabalhou por 30 anos com seguros de carros e hoje é consultor do Sindicato das Seguradoras de São Paulo (Sindseg-SP), cidade responsável pelo maior número de roubos do país.

Apesar de parecer lobby das seguradoras, quem decidir cortar o seguro do orçamento, acreditando no aparato de tecnologia hoje embarcada nos veículos, praticamente não tem muitas alternativas. “A melhor das tecnologias atrasa o roubo em até três minutos”, afirma Fuji, que passa seu dia reunido com os principais especialistas do pais na busca de idéias para reduzir os gastos das seguradoras com roubo e furto de carros. “Se o roubo for em uma cidade grande, o ladrão desiste. Mas se for em uma cidade calma, persiste até conseguir impor a sua tecnologia à da montadora.” O tempo leva em conta todos os aparatos de segurança, das chaves com códigos até as melhores películas anti-terrorismo.

Além de travas e alarmes, o rastreador é uma das poucas opções citadas pelos especialistas. Porém, ele não é garantia certa para proteger o bolso do proprietário, pois cobre parte do risco. “A instalação do equipamento não livra o proprietário da perda causada por danos parciais ou por causados a terceiros”, diz Pedro Pimenta, superintendente de automóvel da Allianz Seguros. Outro ponto negativo é que o índice médio de recuperação vem caindo ano a ano com a proliferação da importação de um aparelho chamado “jammer”, que bloqueia o sinal do rastreador, tornando impossível a comunicação com a central de controle. “Nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, a recuperação não chega a 50%”, diz Julio Avellar.

Em razão da ineficiência do equipamento, do alto custo, da complexidade da infraestrutura de telecomunicação necessária e da não obrigatoriedade da ativação do serviço, é unânime a aposta de que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) vai adiar novamente a obrigatoriedade do veículo sair de fábrica com o rastreador antifurto a partir de janeiro de 2013. Esse panorama faz o seguro ainda ser a principal proteção para evitar prejuízo com roubo ou acidentes com o carro. “Exceto se a pessoa viver em uma cidade com poucos carros, baixíssimo índice de roubos e furtos de veículos, ser um bom motorista e ter um anjo da guarda atento contra terceiros, afirmam os especialistas”, diz Almicar Vianna, presidente do Clube de Segurdores do Rio de Janeiro.

Apesar disso, o seguro não cabe no orçamento de muitas famílias. Segundo estimativa da Consultoria Siscorp, somente 22,5% dos cerca de 60 milhões veículos em circulação nas ruas do país no final de 2011 possuíam seguro. Boa parte deles tem até cinco anos de uso. Entre os que compram um zero quilômetro, ao contrário: 78% têm apólices e apenas 22% preferem correr o risco, informa Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Seguros.

O seguro chega a representar 20% do custo do automóvel. Uma das formas de baixar o preço é reduzir o roubo de carro. Uma sugestão das seguradoras, sem entrar na discussão da urgente melhoria da segurança pública, seria as montadoras praticarem um preço mais acessível para peças de reposição. Isso poderia reduzir a demanda de peças nos desmanches, principal destino dos carros roubados. “São mais de 200.000 carros que desaparecem ano a ano”, informa Julio Avellar.
Outra justificativa citada para o baixo índice de pessoas protegidas por um seguro é a falta de consciência dos motoristas. Causar um acidente pode causar rombo no orçamento muito maior do que o custo do seguro. Pior ainda se tiver vitimas fatais. O seguro obrigatório paga indenização máxima de 13.500 reais. Valor insuficiente para pagar perda total de qualquer veículo com menos de três anos de uso.

Enquanto tentam mudar o panorama, as seguradoras buscam formas de aumentar as vendas mantendo a rentabilidade. Uma das estratégias é definir o perfil do motorista. O bom risco, que para em estacionamentos e quase nunca usa o seguro, paga menos. Os proprietários de carros mais visados pelos bandidos pagam mais. Quem mora em regiões perigosas, também.

E mesmo com o seguro, melhor ficar atento às dicas dos especialistas, pois quanto mais usar, mas caro ele vai ficar. Afinal, o histórico do motorista ainda tem um peso significativo na precificação. As montadoras já estudam lançar o carro sem motorista. Quando isto acontecer, com certeza o preço do seguro cairá e a contratação ficará muito mais simples.

O que atrai o ladrão

Mercado negro - A revenda de peças no mercado paralelo é um dos principais motivos dos furtos e roubos dos veículos no Brasil, diz Jesse Teixeira, diretor da JLT Unique. Os ladrões gostam dos carros populares e que sejam fáceis de abrir.

Encomenda – Os ladrões não dispensam os carros mais caros, normalmente objeto de “encomenda”. A empresária Rosa Sniesko, 50 anos, foi uma das vitimas desse tipo de roubo. “Não quiseram bolsa, jóias ou olharam para acessórios. Apenas pegaram o modelo Sorento, da Kia, com dois meses de uso, e desapareceram. Segundo o delegado, esse tipo de roubo é muito comum”, conta. Ela comprou outro modelo igual com o dinheiro que recebeu do seguro.

Distração – O principal ponto de escolha de uma vítima pelo ladrão é a facilidade. Usar o celular enquanto dirige, além de proibido e perigoso é um alvo para os ladrões, afirma Fabio Leme, diretor de automóveis da HDI Seguros. “A desatenção por parte do motorista ou do passageiro, sobretudo quando o veículo está parado no trânsito ou estacionado, é um prato cheio para o ladrão.” Trafegar com os vidros abertos; demora ao sair do veículo ao estacionar na rua; ficar esperando alguém sair de casa com o carro estacionado e ligado também são alvos fáceis.

Porta-malas grande – Muitas vezes o veículo é roubado só para ser usado em outro tipo de crime, como assaltos a residências, empresas ou comércio. Para essa ação, os carros maiores são o alvo do bandido.

Adesivos – Colar adesivos do tipo “I love Apple”, de clubes, profissão, academia entre outros podem dar pistas de sua condição social ao ladrão, além dele ter noção da rotina da família, diz o diretor da Porto Seguro.

Local e hora – O índice de roubo é maior em locais próximos a demanches e de fácil rota de fuga, com avenidas e ruas próximas a rodovias. O período da manhã também é o preferido pelos ladrões, pois tem mais tempo para levar o veículo para longe.

O que afasta o roubo

Carros com cores fortes – Os ladrões preferem carros com cores neutras, como branco, preto e prata, pois são mais fáceis de serem vendidos e não chamam atenção em uma fuga. Um carro verde ou laranja é mais fácil de localizar depois de roubado; e tem menor procura no mercado paralelo, tanto por conta da maior dificuldade de revenda (por serem carros que não agradam a todos os gostos), quanto pelo fato de as peças coloridas serem menos buscadas para reposição.

Película – Eis aqui uma proteção que tanto pode afastar como atrair o ladrão, segundo os executivos. Para uns especialistas, a película afasta o ladrão, pois ele não consegue ver quem e quantas pessoas estão dentro do carro. “Geralmente ele está nervoso e teme a reação do motorista”, diz o executivo da Zurich. O insufilm, no entanto, pode proteger o ladrão. Afinal, ele não será facilmente identificado pela polícia, que também terá dificuldade para enxergar dentro do veículo

Acessórios - "Os carros que não possuem acessórios são os menos roubados, pois têm menos peças para serem revendidas”, afirma Neival Freitas, diretor da FenSeg. Geralmente os ladrões visam carros com rodas metálicas, rádios, tevês, GPS entre outros equipamentos que podem ser vendidos separadamente. Os rádios originais de fábricas não interessam aos bandidos, pois eles raramente funcionam em outra marca de veículo.

Blindados - Os ladrões evitam carros blindados e com equipamentos de segurança, até porque são mais difíceis de desmontar e revender com documentação falsa.

Estacionamento - Parar o veículo em lugares claros, vigiados e movimentados. O que de fato pode diminuir ações dos ladrões é parar em estacionamento e evitar regiões de maior risco em determinados horários.

Os carros mais vulneráveis

Uma recente pesquisa do Cesvi mostrou quais são os carros mais vulneráveis a furtos no Brasil. Entre os mais seguros estão o sedã Chevrolet Cruze LTZ, o primeiro colocado na avaliação, seguido pelo Ford Ka Sport. A Honda aparece na terceira colocação, com o monovolume Fit e o sedã Civic empatados com o Cobalt e o Cruze LT, outros modelos fabricados pela GM. Emparelhados em sexto lugar estão a Volkswagen (Novo Gol e Fox), Fiat (Palio, Novo Palio, Novo Punto e Grand Siena), Nissan (March) e Renault (Sandero). Nas últimas posições estão os chineses Chery QQ e a JAC, representada pelos modelos J3, J3 Turin, J5 e J6.

O estudo levou em conta a exposição dos automóveis aos casos de furto e à quantidade e qualidade de equipamentos de proteção contra roubos, entre eles imobilizador eletrônico de ignição, alarme, dispositivo de travamento do volante, vidros laminados, travamento das portas e posição da bateria. Entre estes itens, a chave e o alarme tem peso maior no estudo, com o imobilizador, vindo em seguida, e os outros equipamentos na sequência.

FONTE:REVISTA VEJA 03/11/2012

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